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20 junho 2014

A maneira correta de encarar a morte


Bem longe de afugentar a ideia da morte, como em geral o fazemos, saibamos, pois, olhá-la face a face, pelo que ela é na realidade. Esforcemo-nos por desembaraçá-la das sombras e das quimeras com que a envolvem e averiguemos como convém nos prepararmos para esse incidente natural e necessário no curso da vida.

O Universo não pode falhar: seu fim é a beleza! Seus meios de justiça são o amor!    Fortaleçamo-nos com o pensamento no ilimitado porvir... A confiança na outra vida estimulará os nossos esforços, torná-los-á mais fecundos. Nenhuma obra de vulto e que exija paciência pode ser levada a bom termo sem a certeza do dia seguinte. De cada vez que, à roda de nós, distribui os seus golpes, a morte, no seu esplendor austero, torna-se um ensinamento, uma lição soberana, um incentivo para trabalharmos melhor, para procedermos melhor, para aumentarmos constantemente o valor de nossa Alma...

O conhecimento que nos tiver sido possível adquirir das condições da vida futura exerce grande influência em nossos últimos momentos; dá-nos mais segurança; abrevia a separação da Alma. Para nos prepararmos com proveito para a vida do Além é preciso não somente estar convencidos da realidade dessa vida, mas também lhe compreender as leis, ver com o pensamento as vantagens e as consequências dos nossos esforços para o ideal do bem. Os nossos estudos psíquicos, as relações estabelecidas durante a vida com o mundo invisível, as nossas aspirações, as formas de existência mais elevadas desenvolvem as nossas faculdades latentes e, quando chega a hora definitiva, como se encontra já em parte efetuada a separação do corpo, a perturbação pouco dura. O Espírito reconhece-se quase logo. Tudo o que vê lhe é familiar; adapta-se sem esforço e sem emoção às condições do novo meio.

Certas instituições religiosas ensinam que as condições boas ou más da vida futura são definitivas, irrevogavelmente determinadas por ocasião da morte e essa afirmação perturba a existência de muitos crentes; outros temem o insulamento, o abandono no seio dos Espaços.

A Doutrina Espírita, que é a Revelação Terceira, feita pelos próprios Espíritos que já habitam o mundo do lado de lá, vem colocar um “basta” a todas essas apreensões, uma vez que nos trazem sobre a vida de além-túmulo (de onde os materialistas proclamam: “Nec plus ultra”) as indicações exatas, dissipa a incerteza cruel, o temor do desconhecido que nos apavora. Com o Espiritismo, passamos a compreender que a morte em nada muda a nossa natureza espiritual, os nossos caracteres, as nossas virtudes (e infelizmente os nossos defeitos), enfim, o que constitui o nosso verdadeiro “eu”; apenas nos torna mais livres, dota-nos de uma liberdade, cuja extensão se mede pelo nosso grau de adiantamento. 

Aqui e acolá, esperam-nos amigos, protetores, arrimos... Enquanto neste mundo choramos a partida de um dos nossos, como se ele fosse perder-se no Nada, por cima de nós, seres etéreos glorificam a sua chegada à Luz, da mesma forma que nós nos regozijamos com a chegada de uma criancinha, cuja Alma vem, de novo, desabrochar para a vida terrestre.

A Doutrina dos Espíritos, entre tantas virtudes, tem mais esta: provar-nos, de modo insofismável e explícito, que os “mortos” são os vivos do Céu.

ROGÉRIO COELHO
fonte: O Consolador