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29 dezembro 2014

O descuido impensado

No orfanato em que trabalhava, Irmã Clara era o ídolo de toda gente pelas virtudes que lhe adornavam o caráter.        

Era meiga, devotada, diligente.        

Daquela boca educada não saíam más palavras.      

Se alguém comentava faltas alheias, vinha solícita, aconselhando:      

 — Tenhamos compaixão... Inclinava a conversa em favor da benevolência e da paz.        Insuflava em quantos a ouviam o bom ânimo e o amor ao dever. Além do mais, estimulava, acima de tudo, em todos os circunstantes a boa vontade de trabalhar e servir para o bem. 

— Irmã Clara, dizia uma educadora, tenho necessidade do vestido para o sábado próximo. Ela, que era a costureira dedicada de todos,  respondia, contente:

— Trabalharemos até mais tarde. A peça ficará pronta.  Irmã, intervinha uma das criadas, e o avental?  Amanhã será entregue, dizia Clara, sorrindo. Em todas as atividades, mostrava-se a desvelada criatura qual anjo de bondade e paciência. Invariavelmente rodeada de novelos de linha, respirava entre a agulha e a máquina de costurar. Nas horas da prece, demorava-se longamente contrita na oração. Com a passagem do tempo, tornava-se cada vez mais respeitada. Seus pareceres eram procurados com interesse. Transformara-se em admirável autoridade da vida cristã. Em verdade, porém, fazia por merecer as considerações de que era cercada. Amparava sem alarde. Auxiliava sem preocupação de recompensa. Sabia ser bondosa, sem humilhar a ninguém com demonstrações de superioridade. Rolaram os anos, como sempre, e chegou o dia em que a morte a conduziu para a vida espiritual.  Na Terra, o corpo da inesquecível benfeitora foi rodeado de flores e bênçãos, homenagens e cânticos e sua alma subiu, gloriosamente, para o Céu. Um anjo recebeu-a, carinhoso e alegre, à entrada. Cumprimentou-a. Reportou-se aos bens que ela espalhara, todavia, sob impressão de assombro, Irmã Clara ouviu-o informar:

Lastimo não possa demorar-se conosco senão por três semanas. Oh! Por quê? interrogou a valorosa missionária. Será compelida a voltar, tomando novo corpo de carne no mundo, esclareceu o mensageiro. Como assim? O anjo fitou-a, bondoso, e respondeu:

— A Irmã foi extremamente virtuosa; entretanto, na posição espiritual em que se encontrava não poderia cometer tão grande descuido. Desperdiçou uma enormidade de fios de linha, impensadamente. Os novelos que perdeu, por alhear-se à noção de aproveitamento, davam para costurar alguns milhares de vestidos para crianças desamparadas. Oh! Oh! Deus me perdoe! exclamou a santa desencarnada e como resgatarei a dívida? O anjo abraçou-a, carinhoso, e reconfortou-a dizendo:  Não tema. Todos nós a ajudaremos, mas a querida irmã recomeçará sua tarefa no mundo, plantando um algodoal.


Do Livro Alvorada Cristã – Pelo Espírito de Néio Lúcio – Psicografado por Francisco Candido Xavier – Editora FEB.

28 dezembro 2014

TRAGÉDIA NO CIRCO

Naquela noite, da época recuada de 177, o “concilium” de Lião regurgitava de povo.

Não se tratava de nenhuma das assembléias tradicionais da Gália, junto ao altar do Imperador, e sim de compacto ajuntamento.

Marco Aurélio reinava, piedoso, e. Embora não houvesse lavrado qualquer rescrito em prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles.

A matança, por isso, perdurava,  terrível.

Ninguém examinava necessidades ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doente, tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.

Através do espesso casario, a  montante da confluência do Ródano e do Saône, multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourviére, improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.

As pessoas representativas do mundo  lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de escravos, ao regozijo público.

As feras pareciam agora entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas mandíbulas sanguinolentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.
Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.

Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.
Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.

*

Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a merecido repouso.

Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.

Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a pedido do Propretor, programando os festejos.

- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena – dizia,  algo tocado pelo vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o quadro de atletas...

- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor – aventou Caio Marcelino, antigo legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.

- Sim, sim... – concordou Álcio – instruiremos Musônia para que os bailados permaneçam à altura...

- Providenciaremos um encontro de auroques – lembrou Pérsio Níger.

- Auroques! Auroques!... – clamou a turba em aprovação.

- Excelente lembrança! – falou Plancus em voz mais alta – mas, em consideração ao visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...

Um grito horrível nasceu da assembléia;

- Cristãos às feras! cristãos às feras!

Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:

- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recém chegados da África estão preguiçosos...

Sorriu com malícia e chasqueou:

- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o próprio Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...

Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:

- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs, guardando-as nos cárceres... E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a liberação das mais fortes. Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos... Realmente, as chamas e as patas dos animais formarão muitos lances inéditos...

- Muito bem! Muito bem! – reuniu a multidão, de ponta a ponta do átrio.

- Urge o tempo – gritou Plancus – e precisamos do concurso de todos... Não possuímos guardas suficientes.

E erguendo ainda mais o tom de voz:

- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.

Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto, aplaudindo em delírio.

Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:

- Cada um de nós traga um... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caçá-las e exterminá-las é o serviço da hora...

Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
*

Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.

22 dezembro 2014

Conscientização

          Os espíritos, através do contato mediúnico, trazem as idéias para nos ajudarem a entender a palavra de Jesus que ainda nos é de difícil entendimento.

            O primeiro laboratório difícil que temos que enfrentar é nossa própria família.  Nem sempre pensamos e agimos em sintonia. E desde cedo, temos que aprender a lidar com as adversidades e diversidades. E é na família que estão os primeiros passos da nossa evolução. A finalidade da reencarnação é aprendermos a compreender, ao invés de querermos ser compreendidos, sejam por nossos pais, amigos etc. Podemos falhar, mas temos que estar atentos para essas falhas e aptos a querer mudá-las.

Espiritismo também é acreditar que existe vida além da morte. Ter a consciência de que há uma vida além desta agora. E por isso, é nosso dever nos transformar aqui na Terra, em seres melhores.

Jesus nos disse que OU servimos a Deus ou a Mamon. Isso significa que devemos aprender a nos posicionar no bem, com convicção. Assim como não dá para uma mulher ser “meio grávida”, por exemplo, ou ela está grávida ou não está, devemos ser nós seres humanos. Ou somos boas pessoas ou não somos.

Quando algo nos convém, nós aceitamos, mas na dificuldade ainda questionamos a Deus. Por isso, as coisas não fluem em nossas vidas.

Nas dificuldades, devemos nos unir a Deus, aprender a ser humildes para conquistar aquilo que queremos e não questioná-Lo.

Ser dócil, não é fazer teatro. É você saber se posicionar, compreender o erro das pessoas. Não entrar em discussão, mas em prece para ter sabedoria em como resolver.

“Querer é poder”

15 dezembro 2014

Sobre a prece do Servidor

Trabalhar, fazer silêncio, ser compreensivo, ter paciência...
Entendo a profundeza deste Hino do bom servidor.

            A interpretação da palavra de Jesus é muito complexa, pois cada um entende a sua maneira e de acordo com seu grau de evolução.

            Uma pessoa agressiva, não compreensiva, não consegue se agrupar e não tem qualidade de vida. Logo, a mediunidade vem para nos ensinar a andar no meio, a não ser nem 8, nem 80, mas sim 40. Aprender a ser doce e compreensivo. Não devemos radicalizar aquilo que já aprendemos. Não devemos impor a alguém o que levamos anos para aprender. Temos que compreender que o irmão que está no mal, apenas está sem conhecimento do bem. Emmanuel já dizia que ser espírita é ser cristãoEspiritismo sem Jesus ou mediunidade sem Jesus, é comédia. Mediunidade foi feita para aprendermos a desenvolver nosso raciocínio, para sabermos compreender.

            O médium só ajuda as pessoas a desenvolverem a consciência, pelo contato que tem com os espíritos, mas ele próprio também está se desenvolvendo e buscando mudar de atitudes.  E erra muitas vezes, tentando ajudar.

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