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28 dezembro 2014

TRAGÉDIA NO CIRCO

Naquela noite, da época recuada de 177, o “concilium” de Lião regurgitava de povo.

Não se tratava de nenhuma das assembléias tradicionais da Gália, junto ao altar do Imperador, e sim de compacto ajuntamento.

Marco Aurélio reinava, piedoso, e. Embora não houvesse lavrado qualquer rescrito em prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles.

A matança, por isso, perdurava,  terrível.

Ninguém examinava necessidades ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doente, tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.

Através do espesso casario, a  montante da confluência do Ródano e do Saône, multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourviére, improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.

As pessoas representativas do mundo  lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de escravos, ao regozijo público.

As feras pareciam agora entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas mandíbulas sanguinolentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.
Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.

Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.
Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.

*

Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a merecido repouso.

Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.

Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a pedido do Propretor, programando os festejos.

- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena – dizia,  algo tocado pelo vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o quadro de atletas...

- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor – aventou Caio Marcelino, antigo legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.

- Sim, sim... – concordou Álcio – instruiremos Musônia para que os bailados permaneçam à altura...

- Providenciaremos um encontro de auroques – lembrou Pérsio Níger.

- Auroques! Auroques!... – clamou a turba em aprovação.

- Excelente lembrança! – falou Plancus em voz mais alta – mas, em consideração ao visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...

Um grito horrível nasceu da assembléia;

- Cristãos às feras! cristãos às feras!

Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:

- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recém chegados da África estão preguiçosos...

Sorriu com malícia e chasqueou:

- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o próprio Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...

Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:

- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs, guardando-as nos cárceres... E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a liberação das mais fortes. Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos... Realmente, as chamas e as patas dos animais formarão muitos lances inéditos...

- Muito bem! Muito bem! – reuniu a multidão, de ponta a ponta do átrio.

- Urge o tempo – gritou Plancus – e precisamos do concurso de todos... Não possuímos guardas suficientes.

E erguendo ainda mais o tom de voz:

- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.

Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto, aplaudindo em delírio.

Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:

- Cada um de nós traga um... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caçá-las e exterminá-las é o serviço da hora...

Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
*

Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.

22 dezembro 2014

Conscientização

          Os espíritos, através do contato mediúnico, trazem as idéias para nos ajudarem a entender a palavra de Jesus que ainda nos é de difícil entendimento.

            O primeiro laboratório difícil que temos que enfrentar é nossa própria família.  Nem sempre pensamos e agimos em sintonia. E desde cedo, temos que aprender a lidar com as adversidades e diversidades. E é na família que estão os primeiros passos da nossa evolução. A finalidade da reencarnação é aprendermos a compreender, ao invés de querermos ser compreendidos, sejam por nossos pais, amigos etc. Podemos falhar, mas temos que estar atentos para essas falhas e aptos a querer mudá-las.

Espiritismo também é acreditar que existe vida além da morte. Ter a consciência de que há uma vida além desta agora. E por isso, é nosso dever nos transformar aqui na Terra, em seres melhores.

Jesus nos disse que OU servimos a Deus ou a Mamon. Isso significa que devemos aprender a nos posicionar no bem, com convicção. Assim como não dá para uma mulher ser “meio grávida”, por exemplo, ou ela está grávida ou não está, devemos ser nós seres humanos. Ou somos boas pessoas ou não somos.

Quando algo nos convém, nós aceitamos, mas na dificuldade ainda questionamos a Deus. Por isso, as coisas não fluem em nossas vidas.

Nas dificuldades, devemos nos unir a Deus, aprender a ser humildes para conquistar aquilo que queremos e não questioná-Lo.

Ser dócil, não é fazer teatro. É você saber se posicionar, compreender o erro das pessoas. Não entrar em discussão, mas em prece para ter sabedoria em como resolver.

“Querer é poder”

15 dezembro 2014

Sobre a prece do Servidor

Trabalhar, fazer silêncio, ser compreensivo, ter paciência...
Entendo a profundeza deste Hino do bom servidor.

            A interpretação da palavra de Jesus é muito complexa, pois cada um entende a sua maneira e de acordo com seu grau de evolução.

            Uma pessoa agressiva, não compreensiva, não consegue se agrupar e não tem qualidade de vida. Logo, a mediunidade vem para nos ensinar a andar no meio, a não ser nem 8, nem 80, mas sim 40. Aprender a ser doce e compreensivo. Não devemos radicalizar aquilo que já aprendemos. Não devemos impor a alguém o que levamos anos para aprender. Temos que compreender que o irmão que está no mal, apenas está sem conhecimento do bem. Emmanuel já dizia que ser espírita é ser cristãoEspiritismo sem Jesus ou mediunidade sem Jesus, é comédia. Mediunidade foi feita para aprendermos a desenvolver nosso raciocínio, para sabermos compreender.

            O médium só ajuda as pessoas a desenvolverem a consciência, pelo contato que tem com os espíritos, mas ele próprio também está se desenvolvendo e buscando mudar de atitudes.  E erra muitas vezes, tentando ajudar.

https://www.facebook.com/centrocasademaria

10 dezembro 2014

NOS DOMÍNIOS DA SOMBRA

Em compacta assembléia do reino das sombras, um poderoso soberano das trevas, diante de milhares de falangistas da miséria e da ignorância, explicava o motivo da grande reunião.

O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente humana, prejudicava os planos infernais.

Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a raciocinar menos superficialmente!

Indagavam, com segurança, quanto aos enigmas do sofrimento e da morte e aprendiam, sem maior dificuldade, as lições da Justiça Divina. Compreendiam, sem cadeias dogmáticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam com fervor. Meditavam na reencarnação e passavam a interpretar com mais inteligência os deveres que lhes cabiam no Planeta.

Muita gente entregava-se aos livros nobres, à caridade e à compaixão, iluminando a paisagem social do mundo e, por isso, todas as atividades da sombra surgiam ameaçadas.

Que fazer para conjurar o perigo?

E pediu para que os seus assessores apresentassem sugestões.

Depois de alguns momentos de expectativa, ergueu-se o comandante das legiões da incredulidade e falou:

- Procuremos veicular a crença de que Deus não existe e de que as criaturas viventes estão entregues a forças cruéis e fatais da Natureza...

O maioral das trevas, porém, objetou, desencantado:

- O argumento não serve. Quanto mais avançamos nos trilhos da inteligência mais reconhece o homem a Paternidade de Deus, sendo atraído inelutavelmente para a fé ardente e pura.

Levantou-se, no entanto, o orientador das legiões da vaidade e opinou:

- Espalharemos a notícia de que Jesus nada tem que ver com o Espiritismo, que as manifestações dos desencarnados se resumem num caso fisiológico para as conclusões da Ciência, e, desnorteando os profitentes da Renovadora Doutrina, faremos com que gozem a vida no mundo, como melhor lhes pareça, sem qualquer obrigação para com o Evangelho e, assim, serão colhidos no túmulo, com as mesmas lacunas morais que trouxeram do berço.

O rei das sombras anuiu, complacente:

- Sim, essa ilusão já foi muito importante, contudo, há milhares de pessoas despertando para a verdade, na certeza de que as portas do sepulcro não se abririam para os vivos da Terra, sem a intervenção de Jesus.

Nesse ponto, o diretor das falanges da discórdia pôs-se de pé e conclamou:

- Sabemos que a força dos espíritas nasce das reuniões em que se congregam para a oração e para o aprendizado da Vida Espiritual, e nas quais tomam contacto com os Mensageiros da Luz... Assim sendo, assopraremos acizânia entre os seguidores dessa bandeira transformadora, exagerando-lhes a noção da dignidade própria. Separá-los-emos uns dos outros com o invisível bastão da maledicência. Chamaremos em nosso auxílio os polemistas, os discutidores, os carregadores de lixo social, os fiscais do próximo e os examinadores de consciências alheias para que os seus templos se povoem de feridas e mágoas incuráveis e, assim, os irmãos em Cristo saberão detestar-se uns aos outros, com sorrisos nos lábios, inutilizando-se para as obras do bem.

O chefe satânico, todavia, considerou:

- Isso é medida louvável, contudo necessitamos de providência de efeito mais profundo, porque sempre aparece um dia em que as brigas e os desacordos terminam com os remédios da humildade e com o socorro da oração.

A essa altura, ergueu-se o condutor das falanges da desordem e ponderou:

- Se o problema é de reuniões, conseguiremos liquidá-lo em três tempos. Buscaremos sugerir aos membros dessas instituições que o lugar dos conclaves é muito longe e que não lhes convém afrontar as surpresas desagradáveis da via pública. Faremos que o horário das reuniões coincida com o lançamento de filmes especiais ou com festividades domésticas de data fixa. Improvisaremos tentações determinadas para os companheiros que possuam maiores deveres e responsabilidades junto às assembléias, a fim de que os iniciantes não venham a perseverar no trabalho da própria elevação. Organizaremos dificuldades para as conduções e atrairemos visitas afetuosas que cheguem no momento exato da saída para os cultos espiritas-cristãos. Tumultuaremos o ambiente nos lares, escondendo chapéus e, bolsas, carteiras e chaves para que os crentes se tomem de mau humor, desistindo do serviço espiritual e desacreditando a própria fé.

O soberano das trevas mostrou larga satisfação no semblante e ajuntou:

- Sim, isso é precioso trabalho de rotina que não podemos menosprezar. Entretanto, carecemos de recurso diferente. . .

O responsável pelas falanges da dúvida ergueu-se e disse:

- As reuniões referidas são sempre mais valiosas com o auxílio de médiuns competentes.

Buscaremos desalentá-los e dispersá-los, penetrando a onda mental em que se  comunicam com os Benfeitores Celestes, fazendo-lhes crer que a palavra do Além resulta de um engano deles próprios, obrigando-os a se sentirem mentirosos, palhaços, embusteiros e mistificadores, sem qualquer confiança em si mesmos, para que as assembléias se vejam incapazes e desmoralizadas...

O mentor do recinto aprovou a alegação, mas considerou:

- Indiscutivelmente, o combate aos médiuns não pode esmorecer, entretanto, precisamos de providência mais viva, mais penetrante...

Foi então que o orientador das falanges da preguiça se levantou, tomou a palavra, e falou respeitoso:

- Ilustre chefe, creio que a melhor medida será recordar ao pensamento de todos os membros das agremiações espíritas que Deus existe, que Jesus é o Guia da Humanidade, que a alma é imortal, que a Justiça Divina é indefectível, que a reencarnação é uma verdade inconteste e que a oração é uma escada solar, reunindo a Terra ao Céu...

O soberano das sombras, porém, entre o espanto e a ira, cortou-lhe a palavra, exclamando:
- Onde pretende chegar com semelhantes afirmações?

O comandante dos exércitos preguiçosos acrescentou, sem perturbar-se:

- Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da luz, mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar-se, que as realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que tudo deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos como ficarão depois da morte, que a liberalidade do Senhor é incomensurável e que todos os serviços e reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para amanhã... Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo como fora dele, com fé ou sem fé, porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo...

O rei das sombras sorriu, feliz, e concordou: - Oh! até que enfim descobrimos a solução!...

De todos os lados ouviam-se risonhas exclamações: - Bravos! Muito bem! Muito bem!

O argumento do astucioso condutor das falanges da inércia havia vencido.


DO LIVRO CONTOS E APÓLOGOS – DITADO PELO ESPÍRITO DO IRMÃO X – PSICOGRAFADO POR FRANCISCO C. XAVIER – EDITORA FEB.